Poetray

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domingo, 12 de maio de 2013

Para Sempre


Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.

Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

domingo, 5 de maio de 2013

Metamorfose

Nessa manhã de sol radiante percebo as primeiras flores das cerejeiras. Breve alguns pontos de São Paulo estarão coloridos por estas florzinhas que mais parecem alvas borboletas.


Quando criança eu pensava que as borboletas eram flores que, no meio da noite, o menino Jesus as soltava das suas hastes, para que voassem, e indo ao céu para brincar com Ele e Nossa Senhora, tornavam-se estrelas. Não sei o que me levou a pensar isso.

Hoje, por muito ter vivido, sei que era uma tola fantasia de criança. Crianças são assim, têm uma imaginação sem tamanho, fantástica, asas coloridas, e de importância muito particular, íntima e exclusiva da sua inocência.

Borboletas são borboletas, e flores são flores!
Minha experiência de vida me faz cada vez mais entendido sobre as cousas da natureza, e minha sabedoria, de criança amadurecida, me ajuda ter conclusões convincentes e sensatas sem manchas de fantasias que me torne infantil.

A vida é uma evolução constante. Borboletas que dormem de dia é que são estrelas em hastes chocando suas sementes para eclodirem e serem frutos; e as que voam são jovens treinando suas asas, no decorrer do dia, para a grande jornada de à noitinha voarem e como flores enfeitar o céu.


Este ciclo se repete na eternidade das espécies. Isto explica a imensa sabedoria na imaginação comum às crianças, e muitas vezes imortal em alguns homens evoluído, incomum, entretanto, à compreensão a quem se perde de sua origem, pois quando esquecemos nossa origem e nosso principio, desaprendemos a voar e perdemos o brilho, e nos tornamos novamente vermes; adultos. Quanto a isso melhor seria permanecermos eternamente ninfa, ou pendurados por um fio, viver grudado a uma casca, presos à segurança de ser fútil laroz.

Nessa manhã radiante o sol se ergue, morno e vagaroso, me revelando um novo horizonte, pontilhado de flores e borboletas, e me dá asas, asas fortes, de penugem fofa e reluzente. Não estou só. Devo ensaiar meu primeiro vôo, confiante. Ofusca-me os raios deste olhar de sol, o riso de criança, desta estrela sensual que me sombreia, que, aliás, é minha esperança amiga, meu destino e meu caminho. Quero percorrer todo este horizonte que me atrai e seduz ao vôo, sob sua vontade e proteção, e quando ao final do meu destino me aderir ao seu corpo e descansarmos, feito estrela, no céu, brincando, feliz sorrindo...